O Alienista

     

Título: O Alienista Autor: Machado de Assis Editora: Ática Páginas: 48

Título: O Alienista
Autor: Machado de Assis
Editora: Ática
Páginas: 48

Título: O Alienista
Autor: Machado de Assis
Editora: Ática
Páginas: 48

         Quem é o Louco?         

 Olá pessoal! Hoje vou falar sobre O Alienista, que foi escrito por Machado de Assis, e que se tornou um clássico da literatura brasileira. Foi publicado pela primeira vez em 1882, como um dos contos da obra Papéis Avulsos, antes disso, já havia sido publicado no jornal A Estação. 
  O livro é narrado em terceira pessoa, e devo dizer que flui bastante. Comparado a outros clássicos em que há muitas palavras rebuscadas, pode-se afirmar que o Alienista tem linguagem mais atual. 

 No aspecto da extensão, há uma divergência entre os críticos literários, muitos afirmam que a obra é na verdade uma novela... Até hoje não se chegou a um consenso definitivo.

  A obra faz parte do Realismo, no livro, Machado de Assis critica a sociedade do século XIX, que devido à ascensão do Cientificismo, passou a enxergar a ciência como a única capaz de justificar os atos humanos e conduzir os indivíduos ao sucesso.

  O conto se passa na pequena vila de Itaguaí, tem o médico Simão Bacamarte como personagem principal. Simão é considerado o maior dos médicos do Brasil, de Portugal e das Espanhas, apesar de ter estudado no exterior, optou por regressar ao Brasil e se estabelecer na pequena vila.

  Simão tem um profundo e exagerado amor pela ciência, isso pode ser percebido em várias de suas ações, a exemplo, o fato dele ter casado com sua mulher, Dona Evarista, apenas por ela ter condições fisiológicas e anatômicas de lhe dar filhos robustos e saudáveis; no final,  isto se mostrou uma ironia, pois a mulher nunca engravidou. 
  Certo dia, Simão começa a se interessar pela temática da loucura, ele não aprovava o fato de que as pessoas dadas como loucas eram trancafiadas em casa, e desejava modificar tal costume. Ele funda então, a Casa Verde, que funciona como um hospício, onde o médico estuda os loucos e tenta achar a cura para a demência dos mesmos. Simão passa a se esforçar muitíssimo em encontrar a cura, mal comia, mal dormia,  mal falava com os outros, estava o tempo todo a trabalhar.
  Com os estudos Simão começa a desenvolver suas teorias sobre os loucos. O problema é que ele começa a ver insânia onde não há. "A razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades; fora daí insânia, insânia e só insânia", afirmou o médico, depois disso prendeu na Casa Verde um homem que ficava emprestando dinheiro e sorria para os que lhe deviam; uma mulher que acreditava em uma praga sobre seu tio ficar pobre; outro homem por ficar olhando a janela... Enfim, Simão começou a ver loucura em quase todo mundo, e as pessoas de Itaguaí  por mais que estranhassem não se atreviam a questionar "o homem da ciência". Em dado momento, até ocorre uma rebelião contra Bacamarte, todavia, o chefe da revolta também acaba na Casa Verde. Simão prende até mesmo sua esposa e seu amigo Crispim Soares.
   Ao longo da narrativa Simão desenvolve quatro teorias sobre a loucura:
1ª Loucos são os que apresentam um comportamento diferente do comum; um modo der ser inusitado.
2ª "A razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades; fora daí insânia, insânia e só insânia"
3ª O normal era ter algum desvio moral, quem fosse muito honesto, ético, justo, seria louco.
4ª Simão Bacamarte era a pessoa mais correta e perfeita de Itaguaí.
  Quem não quiser spoilers me despeço por aqui, afirmando que é uma narrativa, muito divertida, de se ler, chega a ser engraçado Simão dizendo que todo mundo é louco e aconselho todos a lerem. Agora sobre o final...
  Com, a quarta teoria, Simão conclui que o único louco era ele, pois, todos eram imperfeitos com exceção dele, e isto não podia ser normal. Bacamarte acaba soltando todos da Casa Verde e se tranca lá sozinho. Morreu pouco mais de um ano depois "sem ter podido alcançar nada", sem se "curar".
  Machado conseguiu apresentar uma sociedade alienada pela ciência. A vila de Itaguaí, juntamente com seus moradores, se adéqua aos testes proposto por Simão Bacamarte; o autor utilizou a ironia como instrumento de crítica social, analisou o interior dos personagens, expondo-os de maneira cômica.
  Novamente aconselho todo mundo a ler, é um livro muito interessante, que nos faz refletir sobre como alguém pode se perder nos seus próprios ideais, ao mesmo tempo, a narrativa nos faz rir.
   Me despeço por aqui, lembrando daquele ditado  "De médico e louco, todo mundo tem um pouco". 
    Beijos e até +